A afirmação que se segue pode ser um pouco controversa, mas sabia que o pior inimigo dos seus dentes pode não ser o açúcar mas sim o Dentista? Ou melhor dizendo, um Mau Dentista?
Hoje em dia, a maior parte dos tratamentos complexos que realizamos são retratamentos, ou seja, refazer tratamentos que não foram bem executados à primeira vez, e muitas vezes nem à segunda ou terceira. Por outro lado, frequentemente necessitamos também de substituir com implantes, dentes ausentes que foram extraídos quando ainda eram viáveis de serem tratados.
Para explicar o porquê desta realidade, vou falar do que necessita um Bom Dentista para realizar tratamentos dentários com qualidade e durabilidade:
1) Experiência e Formação Contínua – assim como quem acaba de tirar a carta de condução não tem tanto à vontade para conduzir como que já conduz à 10 ou 15 anos, o mesmo se passa com os Dentistas. Para além da experiência clínica, essencial para detectar e conseguir resolver os problemas de forma mais célere e eficaz, é fundamental que um Médico Dentista diferenciado esteja em constante formação, de forma a acompanhar a vertiginosa evolução em termos de conhecimento científico, técnicas, materiais e equipamentos que ocorre actualmente.
2) Materiais e Equipamentos – existem muitos no mercado, de boa ou má qualidade, mais caros ou mais baratos, com provas dadas ou não. Normalmente o paciente não se apercebe no momento se o material utilizado no seu tratamento é de melhor ou pior qualidade, mas existem indícios que podem levar a esta conclusão. O mais óbvio é o custo do tratamento. Se numa Clínica o mesmo tratamento custa metade que noutra, deverá existir alguma diferença, não? Os equipamentos disponíveis também são muito importantes, afinal por melhor que seja o cozinheiro, não se conseguem fazer omeletes sem ovos…
3) Tempo de consulta – a boca é um local muito difícil para se trabalhar, acredite! Agora imagine que trabalha num local complicado, sem ter todos os recursos ideais ao dispor e ainda por cima tem que trabalhar rápido, pois tem a sala de espera cheia de gente e a agenda em overbooking, de acordo com a filosofia dessa Clínica. Já diz o ditado popular: “Depressa e bem, não há quem!”. 45 min entre uma consulta e outra é o tempo mínimo para uma consulta de qualidade.
4) Equipa Multidisciplinar – a evolução da Medicina Dentária tem sido de tal ordem, que nos dias de hoje é praticamente impossível que um Dentista seja muito bom a realizar todos os tipos de tratamentos. A sub-especialização em diferentes áreas é uma realidade que veio para ficar e que beneficia os pacientes. Pode um Médico Dermatologista tratar uma patologia cardíaca? Poder, pode, mas não é a mesma coisa do que ser um Cardiologista responsável. A Assistente Dentaria aqui também tem um papel fundamental, presentemente é impensável um Dentista trabalhar sozinho, esse par de mãos adicional representa um auxílio indispensável para tratamentos eficientes e duráveis.
5) Pacientes informados e exigentes – pessoas que compreendem que a saúde oral pode ter repercussões sérias na sua saúde geral e que, por isso, se preocupam sobremaneira em manter os seus dentes e gengivas na melhor condição possível, indivíduos que sabem como a sua auto-estima está directamente relacionada com a estética do seu sorriso, pacientes que procuram o profissional mais qualificado e que lhes inspira mais confiança para realizar tratamentos tão íntimos, inspiram o Bom Dentista a ir ao limite das suas capacidades para lhes devolver a saúde, estética e função do seu sorriso.
6) Seguros – normalmente os Bons Dentistas não trabalham com seguros. Porquê? Porque onde o Bom Dentista vê uma pessoa como um todo, as Seguradoras vêm um número e uma estatística… Os Seguros e Planos de Saúde Dentários (sim, existem muitos produtos no mercado que são vendidos como se fossem seguros dentários, que na verdade não o são, são meramente cartões de descontos) trazem às Clínicas volume de pacientes, à custa da redução dos preços e tempos de consultas, mas como já referi acima, isto inevitavelmente tem repercussões, pois não é possível obter a mesma qualidade ao se trabalhar mais rápido e mais barato.
7) Clínica – um Bom Dentista ou tem a sua própria Clínica, ou exerce numa ou mais Clínicas de Referência, por um tempo prolongado, não trabalha em Redes de Clínicas. O modelo de negócio destas Redes de Clínicas normalmente caracteriza-se por uma elevada rotatividade de profissionais pouco experientes (com remuneração mais baixa) sendo frequente que o Dentista que iniciou um determinado tratamento, não o finalize, pois de um momento para o outro, deixou de trabalhar nesse espaço. A estas redes está também associado um marketing intensivo e vendas muito agressivas, com promessas de descontos e realização de consultas e tratamentos gratuitos (o que é proibido por lei), como forma de levar os clientes às suas Clínicas. Uma vez lá, os clientes são “agarrados” através de “Planos de Tratamento Integrais” sob a forma de Financiamentos que as pessoas ficam a pagar durante um determinado período de tempo. Existem diversos casos, em Portugal e Espanha, em que essas Redes de Clínicas faliram e/ou encerraram subitamente, deixando os Clientes sem os tratamentos realizados, mas a terem que suportar o Financiamento que assumiram.