A/C Dr Pedro Coelho
Uma Primavera permanente
Miguel Esteves Cardoso
Faz agora exactamente um ano que entrei no consultório do Dr Pedro Coelho.
Tinha os dentes todos estragados, já há muitos anos, e tinha-me habituado a falar com a boca fechada, e a fugir da vida boa de boca aberta, que é a alegria de rir e sorrir e viver em sociedade.
Um ano depois, já no mês da Primavera, e mais do que pronto para o resto da minha vida, tenho a boca cheia de dentes novos.
E dou comigo a lembrar-me da última vez em que pude contar com os meus dentes todos, tinha eu 20 anos.
Graças aos implantes integrais, superiores e inferiores, que o Pedro instalou na minha boca, com um cuidado imenso e uma segurança que só a sabedoria concede, pude voltar a sentir a despreocupação que eu julgara perdida para sempre: esquecer-me dos dentes, e viver a vida sem pensar mais neles, e sem sofrer mais, e perder mais, por causa deles.
De repente, posso concentrar-me nas coisas que precisam da minha concentração. Posso concentrar-me nas palavras que ouço, e rir-me com elas à vontade. Posso concentrar-me no que digo, sem medo de abrir a boca. Posso ir a todo o lado. Posso rir, e fazer rir. Posso seduzir e encantar. Posso distrair-me e esquecer-me de mim.
Posso ser eu.
Sou um escritor. E quem escreve também escreve para não aparecer. Mas não se pode escrever a vida em vez de vivê-la. É preciso vivê-la, até para poder escrever sobre ela.
São os olhos que mandam em nós. É pelos olhos que julgamos e somos julgados.
Falamos com a boca. Olhamos, temos de olhar para a boca de quem fala connosco.
Para nos podermos concentrar no que a outra pessoa nos diz, ou naquilo que dizemos a outra pessoa, não podemos estar distraídos pelos dentes. Não podemos estar conscientes deles.
Temos de nos esquecer que eles estão lá. E, para nos esquecermos, os dentes têm de ser saudáveis, têm de estar lá todos, têm de ser bonitos.
É que os nossos olhos não perdoam. Fixam-se na mais pequena mancha, na mais pequena ausência, na mais pequena imperfeição.
Não são só os seres humanos: todos os animais fazem isto. Os dentes contam-nos muitas coisas, para além da idade. Vão muito além disso: são o principal indício de saúde.
Quando eu tinha os dentes estragados, as pessoas pensavam que todo eu estava estragado.
Arranjavam explicações para os estragos – e eram todas más. Os dentes são denunciantes. Os dentes dão mesmo com a língua nos dentes.
Entre os humanos, pior do que a decadência dentária, é a percepção do descuido. As pessoas sabem que hoje em dia é relativamente fácil arranjar os dentes.
Ter os dentes estragados não é um azar. Não é um pormenor. Não apela à compaixão.
Ter os dentes estragados demonstra indiferença, alienação, falta de vontade de conviver.
Não é a pessoa que dá um passo atrás quando vê uma boca cheia de dentes estragados, que tem culpa. Ela está só a reagir àquilo que percebe como a agressividade e indiferença anti-social da outra pessoa.
Eu sei que há implantes mais rápidos e mais baratos, que requerem menos visitas. Foram precisamente as más, e muito más experiências de amigos meus que decidiram ir nessas cantigas, que me convenceram a procurar o Dr Pedro Coelho.
Valeu mesmo a pena.
Muitos dentistas são cuidadosos, e dizem-se perfeccionistas, mas o Pedro é a personificação da perfeição.
Ele leva muito tempo a fazer as coisas. O tempo aqui é o que interessa. O tempo é quantificável. Qualquer pessoa pode anunciar que é perfeccionista, mas para a pessoa sentada na cadeira do dentista, é o tempo que mostra o cuidado que se tem.
Para uma pessoa esquecer-se dos dentes, e viver sem pensar neles, é preciso que fiquem perfeitos, e que fiquem perfeitos para sempre.
A perfeição é dificílima, porque depende de cada pessoa. A palavra “perfeição”, tal como a palavra “amor”, ou “paixão”, está de tal forma degradada que é tentador abandoná-la.
Mas não se pode abandoná-la. O amor, a paixão, e a perfeição existem, por muito que se abuse das três palavras.
Para se chegar à perfeição, como o Pedro consegue repetidamente, é preciso muita experiência, uma grande técnica, e um apuradíssimo sentido estético.
Destas três qualidades, o sentido estético é, de longe, o mais raro.
Os dentes têm de seguir a cara, têm de a prolongar, têm de a expôr, têm de a enaltecer, têm de a iluminar.
Mas, mesmo supondo que alguém tinha a experiência, a técnica e o sentido estético que o Dr Pedro Coelho tem, qual seria a diferença?
A diferença é o tempo. Quando se é muito bom, há sempre a tentação de despachar, de abreviar, de delegar: o tempo é dinheiro.
A verdade é que o Pedro não leva muito tempo: os outros é que levam pouco.
Para uma coisa ficar bem feita – e sem isso não há perfeição – tem mesmo de ficar bem feita.
É o que faz o Dr Pedro Coelho. Leva tempo, mas, com cada ano que passa, o tempo que levou vai ficando cada vez mais pequeno: porque ficou logo bem feito.
E o sacrifício vai-se diluindo no prazer ininterrupto de sorriso após sorriso, ao longo dos dias e dos anos.
Por muito que leiamos sobre a vida nova de quem voltou a ter dentes, nada nos prepara para a leveza e para a alegria de nos deixarmos de preocupar com eles.
O Dr Pedro Coelho restituiu-me o desprendimento dos meus 20 anos, em que as coisas importantes tinham direito à importância toda que tinham.
Uma pessoa esquece-se dos dentes, para se poder lembrar de todas as outras coisas.
E se isso não é um milagre, anda lá muito perto.
Obrigado, Pedro!
Miguel Esteves Cardoso
21.3.24
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